Monitora Cuiabá

Comunicação de emergências-CEM Monitoramento dos rios Santo Antônio e Cuiabá

Introdução

O desastre ocorrido na madrugada do dia 12 de janeiro de 2011, quando fortes chuvas provocaram inundações e deslizamentos em sete municípios, na Região Serrana do Rio de Janeiro, foi classificado pela Organização das Nações Unidas como o 8º maior desastre por causas climáticas, no mundo, nos últimos 100 anos. 

O Vale do Cuiabá, situado em Petrópolis-RJ foi um dos cenários desta tragédia. As inundações provocadas pelo transbordamento dos rios Santo Antônio e Cuiabá atingiram fortemente as comunidades da Estrada do Gentio, Benfica, Madame Machado e Boa Esperança no Vale do Cuiabá, deixando um rastro de destruição no território, com dezenas de mortos e desaparecidos e centenas de desabrigados.

Ao longo dos 10 anos seguintes a este desastre, além dos recursos investidos para recuperação ambiental e construção de moradias houve a capacitação das lideranças comunitárias, com o propósito de melhor conhecerem os riscos geológicos e hidrológicos do território, ampliando, assim, suas habilidades visando o fortalecimento da resiliência comunitária frente às ameaças de novos deslizamentos e inundações provocadas pelo transbordamento dos rios Santo Antônio e Cuiabá.

O Núcleo Comunitário de Defesa Civil- NUDEC do Vale do Cuiabá e Adjacências foi formado a partir desta necessidade de permanecer, de pertencer àquele lugar. Para isso, esse grupo de mulheres que compõe o NUDEC, se reuniu, para aprender sobre as transformações do meio ambiente e as adaptações sociais a estes cenários. 

A realização do Programa Mãos à Obra, em uma parceria com a UERJ, propiciou a formação da equipe como agentes ambientais, que culminou com a criação do NUDEC, em 2013. De lá para cá, o grupo se fortaleceu e participou de diversos projetos e simulados em âmbito municipal, regional, nacional e internacional. Em agosto de 2020, a história da liderança comunitária Cristina Rosário e da formação deste NUDEC abriu a campanha mundial Faces da Resiliência da UNDRR, do Escritório das Nações Unidas para Redução de Risco de Desastres. Ao longo destes últimos anos, o NUDEC participou de campanhas solidárias, mutirões de limpeza e ações voluntárias para segurança local fortalecendo as capacidades de comunicação e mobilização da comunidade visando o enfrentamento das inundações do Rio Santo Antônio e Cuiabá.

Em busca do contínuo monitoramento dos recursos hídricos da região como estratégia de prevenção de desastres, o NUDEC Vale do Cuiabá e Adjacências apresenta um projeto consistente na implementação do aplicativo para smartphones nominado “Comunicação de Emergências-CEM” nas comunidades situadas no entorno do Rio Santo Antônio. Este aplicativo, que pode ser baixado gratuitamente no celular, utiliza o georreferenciamento para enviar mensagens e alertas, diretamente, aos usuários sobre emergências locais, com respaldo nas informações oficiais da Defesa Civil municipal. 

O Projeto Monitora Cuiabá é baseado em três ações que se relacionam: 1- mobilizar as comunidades localizadas no entorno dos rios Santo Antônio e Cuiabá; 2- implementar o aplicativo “CEM- Comunicação de Emergência”; 3-  receber informações diretamente da Defesa Civil municipal acerca das situações de emergência local, alertando o usuário onde que que ele se encontre no espaço físico,  nas residências,  no comércio e nos espaços públicos. 

Impacto que o projeto vai gerar

Comunidades no entorno dos rios Santo Antônio e Cuiabá conectadas e bem informadas sobre emergências, em períodos de chuvas fortes.

Pilares norteadores

O projeto “Monitora Cuiabá” propicia a interconexão das esferas social, ambiental e institucional. Esta última, se destaca pela parceria com a Defesa Civil municipal, a qual possibilita a utilização da inovação tecnológica CEM, proporcionando o maior engajamento e participação dos residentes na área de influência das possíveis cheias dos rios Santo Antônio e Cuiabá.

Ademais, o Projeto Monitora Cuiabá, impulsiona o desenvolvimento local e assegura direitos e dignidade nas diversas esferas vida da pessoa humana. Assim sendo, o projeto tem como base os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Segurança Humana (ambos conceitos estabelecidos pelas Nações Unidas), que atuam como pilares epistemológicos. Abaixo, encontraremos as principais ODS e metas impulsionadas no projeto, assim como os tipos de segurança humana que serão salvaguardadas.

Da resolução

O que queremos fazer para resolver?

Para recuperar essa identidade original, e fazer jus ao real entendimento e uma conscientização da população preta local, principalmente as crianças e adolescentes, queremos implantar o Projeto OTI – Origem Talentosa Inspiradora, onde contaremos às crianças e adolescentes da comunidade a história pela qual seus ancestrais serão lembrados e trazidos à luz, por meio dos Griôs (indivíduo mais velho que conta fatos de origem de um local). Os Griôs serão responsáveis por “ligar os holofotes” apagados pelo tempo, os quais também mostravam os pretos importantes no processo de formação e ocupação do território da Rocinha. Além disso, falarão sobre as personalidades pretas deste país, dentre eles: Luiz Gama, Machado de Assis, José do Patrocínio, Zumbi dos Palmares, Tereza de Benguela, João Cândido, Dandara, Carolina Maria de Jesus, Ruth de Souza, Tia Ciata.

O projeto se concretizará mediante a realização das oficinas:

  • De Leitura (usando obras de autores pretos da atualidade, do passado e de comunidades);
  • De Escrita (incentivando às crianças e jovens a contar a história do seu local a partir do seu ponto de vista);
  • De Alimentação Sustentável (mostrando a forma africana de aproveitamento dos alimentos naturais) e
  • De Percussão (criaremos a oficina de percussão para as crianças, onde ensinaremos sobre a história dos instrumentos e os ritmos: samba, jongo, carimbó e ijexá, no âmbito do já existente Bloco Carnavalesco Coração das Crianças).

Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (Agenda 2030)

ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis

Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis

11.5 Até 2030, reduzir significativamente o número de mortes e o número de pessoas afetadas por catástrofes e substancialmente diminuir as perdas econômicas diretas causadas por elas em relação ao produto interno bruto global, incluindo os desastres relacionados à água, com o foco em proteger os pobres e as pessoas em situação de vulnerabilidade.

ODS 13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima

Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos

13.1 Reforçar a resiliência e a capacidade de adaptação a riscos relacionados ao clima e às catástrofes naturais em todos os países

ODS 17 – Parcerias e Meios de Implementação

Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável

17.7 Promover o desenvolvimento, a transferência, a disseminação e a difusão de tecnologias ambientalmente corretas para os países em desenvolvimento, em condições favoráveis, inclusive em condições concessionais e preferenciais, conforme mutuamente acordado

17.16 Reforçar a parceria global para o desenvolvimento sustentável, complementada por parcerias multissetoriais que mobilizem e compartilhem conhecimento, expertise, tecnologia e recursos financeiros, para apoiar a realização dos objetivos do desenvolvimento sustentável em todos os países, particularmente nos países em desenvolvimento.

Segurança Humana e seu Conceito Multidimensional

  • Segurança Pessoal: priorizar e salvaguardar vida da pessoa humana em face aos desastres, por meio do fortalecimento da comunicação comunitária em emergências;
  • Segurança Comunitária: o estabelecimento de rede de comunicação comunitária, não só empodera, mas fortalece a comunidade por meio da capacitação de lideranças. Estes, serão agentes multiplicadores dentro do seu território.
  • Segurança Ambiental: O monitoramento proporciona alertar sobre os níveis pluviais, o que pode significar inundações das residências nas proximidades. Sendo assim, através do aviso, os moradores podem se deslocar para locais seguros, de acordo com as orientações da Defesa Civil Municipal.

Objetivo

Implementar o App “Comunicação de Emergência-CEM” nas comunidades do entorno dos rios Santo Antônio e Cuiabá visando ampliar e fortalecer a comunicação comunitária em emergências, por ocasião das chuvas fortes, orientando os moradores na adoção das medidas de proteção, com base nas informações oficiais da Defesa Civil municipal. 

Objetivos específicos

  • Desenvolver um plano de comunicação para informar e apoiar as comunidades no entorno do Rio Santo Antônio para cadastramento do aplicativo;
  • Capacitar lideranças na utilização do aplicativo (cadastro, mensagens, sincronização e georreferenciamento) para multiplicação nas comunidades;
  • Realizar simulados de implementação com os usuários cadastrados nas comunidades no entorno dos rios Santo Antônio e Cuiabá.

Resultados esperados

  • Lideranças locais e membros do NUDEC Vale do Cuiabá aprendem a utilizar o aplicativo CEM e treinam outras lideranças nas comunidades no entorno dos rios Santo Antônio e Cuiabá;
  • Grande parte das comunidades no entorno dos rios Santo Antônio e Cuiabá cadastradas no aplicativo CEM;
  • As comunidades do entorno dos rios Santo Antônio e Cuiabá participam dos simulados de implementação e avaliam seu funcionamento.

Parcerias

  • Secretaria de Defesa Civil e Ações Voluntárias será a grande parceira do projeto. Todas as informações captadas na região em caso de emergências serão compartilhadas com o Centro Integrado de Monitoramento da Defesa Civil (CIMOP) e os protocolos do sistema de alertas serão reproduzidos no aplicativo em tempo real para os celulares de todos os usuários. Para a Defesa Civil, será uma boa possibilidade de analisar e propor adaptações que fortaleçam ainda mais a implementação do aplicativo no território.
  • Secretaria de Saúde é interessada na implementação deste projeto e vai estimular a participação dos postos de saúde da família, bem como dos agentes comunitários de saúde no cadastramento dos usuários locais em cada região.

Proponentes

Ana Maria Paranhos de Carvalho.

63 anos, viúva, mãe de um filho e dona de casa. Monitora socioambiental pelo projeto “Mãos à Obra”, da Universidade do estado do Rio de Janeiro (UERJ); integra o NUDEC do Vale do Cuiabá e adjacências. Está disponível e apta para ajudar no que for necessário para a implementação do Projeto na comunidade.

Cristina Rosario de Oliveira,

Casada, mãe de três filhos, um biológico e dois do coração. Zeladora de escola pública; monitora socioambiental pelo projeto “Mãos à obra”, da Universidade do estado do Rio de Janeiro (UERJ). Atualmente, é a coordenadora do Núcleo de Defesa Civil Comunitária do Vale do Cuiabá e Adjacências de Petrópolis-NUDEC. Possui capacitação em mobilização e articulação de recursos para enfrentamento aos desastres. Acredita que o projeto “Monitora Cuiabá” tem a capacidade de mobilizar, conscientizar a comunidade dos riscos e fortalecer a resiliência comunitária.

Luciana Marcelino Fernandes de Oliveira Coelho

Com formação acadêmica em Pedagogia e Teologia; formação em Cuidador Escolar. É Monitora socioambiental pelo projeto “Mãos à Obra”, da Universidade do estado do Rio de Janeiro (UERJ); integra o NUDEC do Vale do Cuiabá e adjacências. Possui capacitação em mobilização e articulação de recursos para enfrentamento aos desastres.

Maria Helena Alves

Agente Comunitária de Saúde; com formação em Educação Popular em Saúde pela Fiocruz; monitora socioambiental pelo projeto “Mãos à Obra”, da Universidade do estado do Rio de Janeiro (UERJ); integra o NUDEC do Vale do Cuiabá e adjacências; possui capacitação em primeiros socorros, enfrentamento e acidentes em desastres naturais. Conhecedora da situação geográfica, social, educacional e sanitária da comunidade.  Como cidadã, pretende sensibilizar, orientar, disponibilizar, mobilizar e fortalecer a resistência dos moradores para o enfrentamento aos desastres. 

Priscilla Scarlatelli Carvalho

64 anos e avó de seis netos. Monitora socioambiental pelo projeto “Mãos à Obra”, da Universidade do estado do Rio de Janeiro (UERJ); integra o NUDEC do Vale do Cuiabá e adjacências. Está disponível para ajudar os outros no que for preciso com o objetivo de mobilizar e conscientizar a comunidade dos riscos e fortalecer a resiliência.

Sandra da Conceição de Oliveira,

59 anos de idade, trabalha com artesanato produzido com materiais recicláveis. Monitora socioambiental pelo projeto “Mãos à Obra”, da Universidade do estado do Rio de Janeiro (UERJ); integra o NUDEC do Vale do Cuiabá e adjacências. Destaca que gosta das coisas que faz e sempre está disposta a interagir, em prol da comunidade e em sua residência.

Localização

O projeto será realizado nas comunidades do Gentio, Madame Machado e Vale do Cuiabá, em Petrópolis, cenário do desastre de 2011, na Região Serrana-RJ.